A perda auditiva dos trabalhadores continua a ser um
problema, mesmo após tantos anos de discussão. Seria de se esperar que as
interpretações relacionadas a este evento estivessem claras, sedimentadas, e
todas as condutas devidamente protocoladas. Infelizmente, esta não é a verdade.
Talvez a razão para esta inconsistência esteja no fato de
que há interesses muito diferentes envolvidos. Mesmo numa análise superficial,
há administradores, trabalhadores e, entre eles, os médicos. Cada um tem suas
obrigações e expectativas, e pela diferente natureza entre elas surge a
possibilidade de conflitos ou equívocos. Como poderiam se harmonizar estes
aspectos? Vamos pensar um pouco mais a respeito disto.
Ninguém desconhece que trabalhadores experientes podem ser muito
raros e valorizados. Adquiriram esta experiência em longos anos de trabalho,
provavelmente desde os tempos em que não se pensava em proteger a audição de
ninguém. Junto com sua experiência, adquiriram uma evidente perda auditiva
induzida por ruído (PAIR). Quando o administrador encaminha um deles para o
exame admissional, o médico do trabalho, ao diagnosticar a PAIR e tentando
evitar problemas para a empresa, o considera inapto. Em muitas ocasiões, a
própria empresa orienta o médico a definir a inaptidão para quaisquer perdas
auditivas.
Neste contexto, todos perdem. A
empresa perde um trabalhador experiente, o trabalhador perde o tão necessário
emprego, e o médico perde sua própria relevância.
Dr Conrado Ruiz
Médico do Trabalho
Dr Conrado Ruiz
Médico do Trabalho
Próximo post: Administradores, trabalhadores e médicos – a parte de
cada um.
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