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segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A perda auditiva dos trabalhadores – Parte 2

Administradores, trabalhadores e médicos – a parte de cada um.

Administradores, trabalhadores e médicos: como se relacionam quando o assunto é a perda auditiva induzida por ruído?
Os administradores não são obrigados a conhecer conceitos médicos. É até melhor que não os conheçam, mas devem ter um bom assessor para o assunto. O melhor deles deveria ser seu médico do trabalho. Se não for por bom senso, ao menos porque as normas exigem.

Aqui podem começar os problemas. Boa parte das empresas ainda trata o atendimento às Normas Regulamentadoras como uma inconveniente obrigação, e desprezam este assessor. Fazem exames avulsos, sem a necessária qualidade, e não consideram os resultados quando tomam suas decisões. Contratam trabalhadores pela urgência e pela disponibilidade. Pior ainda, após a contratação não mais se preocupam em acompanhar a saúde dos trabalhadores, muito menos a auditiva. Basta que exista a comprovação de que os exames foram feitos, através de um Atestado da Saúde Ocupacional (ASO).
Os trabalhadores fazem o que sabem fazer: trabalham. Não costumam cuidar da saúde, muito menos da auditiva. Não gostam de usar os protetores auriculares, é frequente a adaptação de celulares e tocadores de MP3 em equipamentos tipo concha, e vão assim piorando sua audição. Em algum momento de suas vidas perceberão que perderam alguma parte dela, seja numa conversa, seja num exame admissional para emprego em que serão reprovados. Deveriam ter sido reprovados? Voltaremos a esta pergunta, mas pense nisto enquanto lê.

Finalmente, os médicos do trabalho. Estes deveriam atuar como uma segura ponte entre os dois lados interessados no seu trabalho. A vida moderna, no entanto, os tem levado a cumprir simplesmente sua tarefa, emitindo um ASO que considerará o candidato simplesmente como apto ou inapto.
Doenças degenerativas do ouvido, hipertensão arterial, diabetes, medicamentos ototóxicos, exposição a solventes, traumas, doenças virais, tudo isto pode causar perda auditiva, além do ruído. Ainda mais, o ruído está presente nas ruas de nossas cidades, nas festas e shows, nos eventos sociais e religiosos, nos hobbies, na música, além daquele presente no trabalho. Como tratar de forma adequada o trabalhador ou o candidato com perda auditiva, então?

Dr Conrado Ruiz
Médico do Trabalho

No próximo post: Perdas diferentes, ações diferentes.

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