Administradores, trabalhadores e médicos: como se relacionam
quando o assunto é a perda auditiva induzida por ruído?
Os administradores não são obrigados a conhecer conceitos
médicos. É até melhor que não os conheçam, mas devem ter um bom assessor para o
assunto. O melhor deles deveria ser seu médico do trabalho. Se não for por bom
senso, ao menos porque as normas exigem.
Aqui podem começar os problemas. Boa parte das empresas
ainda trata o atendimento às Normas Regulamentadoras como uma inconveniente
obrigação, e desprezam este assessor. Fazem exames avulsos, sem a necessária
qualidade, e não consideram os resultados quando tomam suas decisões. Contratam
trabalhadores pela urgência e pela disponibilidade. Pior ainda, após a
contratação não mais se preocupam em acompanhar a saúde dos trabalhadores,
muito menos a auditiva. Basta que exista a comprovação de que os exames foram
feitos, através de um Atestado da Saúde Ocupacional (ASO).
Os trabalhadores fazem o que sabem fazer: trabalham. Não
costumam cuidar da saúde, muito menos da auditiva. Não gostam de usar os protetores
auriculares, é frequente a adaptação de celulares e tocadores de MP3 em
equipamentos tipo concha, e vão assim piorando sua audição. Em algum momento de
suas vidas perceberão que perderam alguma parte dela, seja numa conversa, seja
num exame admissional para emprego em que serão reprovados. Deveriam ter sido
reprovados? Voltaremos a esta pergunta, mas pense nisto enquanto lê.
Finalmente, os médicos do trabalho. Estes deveriam atuar
como uma segura ponte entre os dois lados interessados no seu trabalho. A vida
moderna, no entanto, os tem levado a cumprir simplesmente sua tarefa, emitindo
um ASO que considerará o candidato simplesmente como apto ou inapto.
Doenças degenerativas do ouvido, hipertensão arterial,
diabetes, medicamentos ototóxicos, exposição a solventes, traumas, doenças
virais, tudo isto pode causar perda auditiva, além do ruído. Ainda mais, o
ruído está presente nas ruas de nossas cidades, nas festas e shows, nos eventos
sociais e religiosos, nos hobbies, na música, além daquele presente no
trabalho. Como tratar de forma adequada o trabalhador ou o candidato com perda
auditiva, então?Dr Conrado Ruiz
Médico do Trabalho
No próximo post: Perdas diferentes, ações diferentes.
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