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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O Dono da Empresa


Às vezes somos sacudidos por acontecimentos que nos obrigam a uma visão mais dura de nossa realidade.
Como Médico do Trabalho, muitas vezes sou colocado em situação de observador privilegiado, assistindo de camarote, como se dizia antigamente, os problemas de empresas que me procuram. Serão clientes e, mais do que isto, serão parceiros, amigos. É por isto que dói quando vejo as dificuldades que enfrentam. Por vezes, sou obrigado a concluir que os próprios donos e administradores destas empresas permitiram o surgimento destes problemas, mesmo sendo eles os principais interessados no sucesso. Como pode ser isto?
Simples. Falta percepção a quem olha de perto, ou talvez falte a coragem para reconhecer o que vê. Imagino que não falte competência, mas a coragem para rever os velhos hábitos. Até para pequenas decisões, uma grande dose de coragem pode ser necessária. Quando repreendemos um filho, sofremos ao ver sua expressão de desgosto, mas o fazemos, pelo seu bem. Para o sucesso de uma empresa precisamos desta mesma firmeza e coragem.
No início da industrialização de nosso país, homens muito corajosos empenharam seu futuro, o de suas famílias e o de todos os que deles passaram a depender. Cresceram. Fizeram história, associaram seus nomes ao significado do sucesso. Cada um de nós pode citar inúmeros exemplos. Muitos deles eram imigrantes buscando seus sonhos, impulsionados pela necessidade.
Os tempos mudaram, e empresas familiares, paternalistas, passaram a ter dificuldade de manobra numa realidade mutante, em que a agilidade e o profissionalismo passaram a ser as grandes armas. É novamente hora de ensinar os filhos. O nome e a tradição já não garantem o sucesso. É necessária uma nova definição, um novo comprometimento, em que cada parte deve ser melhor, mais profissional, mesmo que esteja confortável em seu comodismo. Não há espaço para dúvidas ou indecisão.
Não há soluções prontas, nem pode haver, já que tudo muda cada vez mais rápido. Precisamos estar atentos, assumir nossas responsabilidades. Se não temos condições para resolver um problema, devemos buscar parcerias estratégicas, buscar o valor. É hora de selecionar parceiros ao invés de meramente cumprir requisitos. É hora de crescer enquanto outros esperam por soluções mágicas, como um menino nas manhãs de Natal.
Se é esperado que os filhos aprendam com seus pais, é necessário ensinar, e esta pode ser hora.

Dr. Conrado de Assis Ruiz

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