Às vezes somos sacudidos por acontecimentos que
nos obrigam a uma visão mais dura de nossa realidade.
Como Médico do Trabalho, muitas vezes sou
colocado em situação de observador privilegiado, assistindo de camarote, como
se dizia antigamente, os problemas de empresas que me procuram. Serão clientes
e, mais do que isto, serão parceiros, amigos. É por
isto que dói quando vejo as dificuldades que enfrentam. Por vezes, sou obrigado
a concluir que os próprios donos e administradores destas empresas permitiram o
surgimento destes problemas, mesmo sendo eles os principais interessados no
sucesso. Como pode ser isto?
Simples. Falta percepção a quem olha de perto, ou talvez falte a coragem
para reconhecer o que vê. Imagino que não falte competência, mas a coragem para
rever os velhos hábitos. Até para pequenas decisões, uma grande dose de coragem
pode ser necessária. Quando repreendemos um filho, sofremos ao ver sua
expressão de desgosto, mas o fazemos, pelo seu bem. Para o sucesso de uma empresa
precisamos desta mesma firmeza e coragem.
No início da industrialização de nosso país, homens muito corajosos
empenharam seu futuro, o de suas famílias e o de todos os que deles passaram a
depender. Cresceram. Fizeram história, associaram seus nomes ao significado do
sucesso. Cada um de nós pode citar inúmeros exemplos. Muitos deles eram
imigrantes buscando seus sonhos, impulsionados pela necessidade.
Os tempos mudaram, e empresas familiares, paternalistas, passaram a
ter dificuldade de manobra numa realidade mutante, em que a agilidade e o
profissionalismo passaram a ser as grandes armas. É novamente hora de ensinar
os filhos. O nome e a tradição já não garantem o sucesso. É necessária uma nova
definição, um novo comprometimento, em que cada parte deve ser melhor, mais
profissional, mesmo que esteja confortável em seu comodismo. Não há espaço para
dúvidas ou indecisão.
Não há soluções prontas, nem pode haver, já que tudo muda cada vez
mais rápido. Precisamos estar atentos, assumir nossas responsabilidades. Se não
temos condições para resolver um problema, devemos buscar parcerias
estratégicas, buscar o valor. É hora de selecionar parceiros ao invés de
meramente cumprir requisitos. É hora de crescer enquanto outros esperam por
soluções mágicas, como um menino nas manhãs de Natal.
Se é esperado que os filhos aprendam com seus pais, é necessário ensinar,
e esta pode ser hora.
Dr. Conrado de Assis Ruiz
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