Pesquisar este blog

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Pensamentos ergonômicos - Parte 2: o trabalho e a busca da felicidade


Terminei o primeiro post sobre esse tema fazendo alusão a Aldous Huxley e seu “Admirável Mundo Novo”. A busca da felicidade é tema que permeia todo o livro, escrito no começo do século passado. Verdadeiramente admirável é a atualidade de seu conteúdo.

Naquele mundo, o trabalho era exercido por pessoas especialmente clonadas para que fossem perfeitamente adaptadas às demandas físicas e psicológicas das tarefas. Alguns seriam preparados para os desafios de cargos em que teriam que tomar importantes decisões, outros se diziam felizes por nunca serem chamados a tomar quaisquer decisões. Sem entrar no mérito da questão, o fato é que tal dicotomia não parece ser possível no mundo atual.

A falta de adaptação ao trabalho pode ser importante fonte de estresse. “O mundo não será feliz a não ser quando todos os homens tiverem alma de artista, isto é, quando todos tirarem prazer do seu trabalho.”, disse Auguste Rodin, nascido no século XIX. O problema, como se vê, não é novo. Como, então, tratar de aspectos do trabalho exercidos por pessoas tão diferentes e com expectativas tão individuais?

Talvez esta seja a principal consideração a fazer: estamos lidando com indivíduos, algo que não se divide, únicos por natureza. É por isto que não há regras definitivas quando falamos de condições de trabalho, mas conceitos abrangentes. Eis a Ergonomia que tenta, então, criar regras aplicáveis a diferentes situações e diferentes indivíduos.

Em diferentes conceituações, a ergonomia tenta fazer com que exista uma harmônica relação entre o homem e o ambiente, especialmente no trabalho. Entram, aqui, aspectos físicos e psíquicos, tendo como cenário o ambiente natural ou tecnológico. Quando esta relação ocorre sem que se atinja a harmonia buscada, as respostas surgem pela não adaptação, muitas vezes traduzidas em dores, quadros de tristeza, depressão ou outros ainda piores.

O indivíduo que não está adaptado, ouvindo a linguagem de seus orgãos, por não ter poder de mudar o ambiente em que vive ou trabalha, vai certamente reponsabilizar alguém por seu sofrimento. Assim como a Natureza, se ele não pode reagir, se vinga.

Num próximo post, voltarei ao assunto para comentar as orientações ergonômicas que se propõem a resolver o impasse.
 
Dr. Conrado de Assis Ruiz

Nenhum comentário: